domingo, 23 de setembro de 2018

Mel e vergonha


Ontem minha mãe recebeu o título de Bacharel em Serviço Social.

Enfim, um rito de passagem, como tantos outros, essa tal formatura. Todavia, com certa atenção, você percebe o quão desgraçada é a elite do Brasil.

Pessoas simples e humildes, muitas delas vivendo, em suas famílias, o primeiro acontecimento dessa matiz. É nítida a falta de traquejo em lidar com as situações e mise en scene características deste tipo de imbróglio.

É foda e muito difícil de não ficar arrepiado com uma mãe, uma mulher pra lá dos seus 30 anos, vindo com um filho pequeno nos braços e montada em uma beca, com aquele sorriso de vitória no rosto.

Como não tremer na base  vendo um pai, um homem já idoso, com o corpo rígido de tanto trabalho braçal e tanta vida em dureza,trazendo ali, do jeito dele e com o orgulho dele, um filho ou filha que chegou a esse ato de encerramento de ciclo.

Porém e infelizmente, a maior parte desses brasileiros e brasileiras saem da faculdade sem entender um texto simples. Saem, pela lógica mercantil inerente ao tipo de instituição no qual realizarem sua formação, sem o mínimo de arcabouço teórico metodológico da seara profissional ao qual querem adentrar e, o pior, mantendo-se como adentraram a torre de marfim, como meros analfabetos funcionais.

Um diploma cheio de suor, cheio de galhardia mas oco.

É infernal pensar que a função dessas pessoas será, entrando em um mercado de trabalho cruel e ultra competitivo, tão somente serem a pedra de toque causadora da redução da massa dos salários das suas profissões, desempenhando, como seus pais e mães, quase todos negros e negras, os mesmos papeis  subalternos.

O ciclo continua. O mesmo ciclo apesar da pequena janela de acesso fornecida à ralé pela educação privada.

A sociedade brasileira é qualquer coisa escandalosamente esdrúxula e perfídia com os seus filhos e filhas mais necessitados.

É uma sociedade doente e que teima em não resolver sua principal injustiça histórica e, por isso, continuará a ser um país com o futuro natimorto.

sábado, 22 de setembro de 2018

Canções de replantio

Parei.

Hoje, depois de sete dias após minha ida até Alagoas, nesse retorno a vida de desterrado, de mochila sempre pronta, este Sábado foi o primeiro dia só e tão somente meu.

É incrível que por causa das convenções sociais, nossas necessidades monetárias , a gente tenha tão pouco tempo para aquela solitude saudável e edificante.

E o que é que fiz, desde as três da manhã?

Ver comentários dos camelos de Nietzsche, lá no YouTube, foi uma das tarefas agradáveis. Quão humano somos... E quão inviável é esse país mermão. Encaremos essa verdade que passa diante de nossos olhos. Nossa sociedade não gosta de flores, de convívio comunitário. Gostamos do trato violento , da amálgama da desesperança e da intolerância as dessemelhanças alheias.

Cansei daquilo e fui lá, pra outra rede privada, o zapzap. Aqui , com o contato mais pertinho, com outro ser vivo, quase todos desabados ou cheirando a petróleo, não tive tinta e capacidade de respirar por mais de 30 minutos.

Fui embora, dizendo que iria correr na orla.

Eu até irei. Estou aqui nos preparativos. Mas, de vero, queria sair ali daquela prisão de conversas de botas batidas, de sonhos natimortos por seres abismais que teimam em não reconhecer que fracassaram. Que perderam a batalha que resolveram guerrear e que precisam mudar. Precisam respirar e procurar outros meios para encontrar as respostas que pretendiam alcançar, chegar perto.

Por isso e enquanto isso , vou aqui também curando minhas chagas.

Entre  uma música e outra doSoundCloud, faço meu replantio, com nuvens e sonhos emoldurados no fino concreto armado, que a gente jamais pode fingir não existir.

Saravá e que eu vá devagarinho no prumo possível, sem dureza mas cozido.

E que, mais devagarinho ainda, não esqueça esse sabor dourado de pisar leve e andar que nem os cascos dos cavalos envelhecidos, no cume do gume da faca da vida vivida.

Que vento bom.

Um dia lindo de morrer

Quem sou eu

Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.