quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Nesse rebuliço de mim, pra lá e pra cá, redescubro e reafirmo quem sou.




"Rebuliço" é uma das canções que tenho, com certa frequência, escutado bastante nos últimos meses desse ano.  Na verdade, nem sabia que o pessoal da Monbojó tinha lançado, ainda em 2014, um novo álbum. Faz parte já que tinha um bom tempo que não passava o meu coração nas belezas que esse peculiar grupo pernambucano sempre consegue produzir.
 
Há um percalço
Há um defeito em mim
Um rebuliço
Algo não soa bem
Um descompasso
Não há vestígios
Ninguém pra incriminar
Sem resultados
Tudo como convém
Me desmantelo
Não vou me conformar


Parece que esses moços gostam de participar dos pontos de inflexão da minha caminhada. Quando pense neles e nesse agenciamento, entre eles e eu, que perdura por quase uma década, da primeira vez que fui na Chapada.

Lembro das várias canções que docemente  saiam daquele mp3 player bem vagabundinho que eram moda em 2000 e lascou. Uma viagem que tinha tudo para dar errado, onde tudo impossível aconteceu mas, que foi uma das viagens mais proveitosas que já fiz.

Aquela foi uma viagem definitiva, uma daquelas que (des)formatam a gente para outros (des)caminhos.

É interessante sentir o Mombojó, lá atrás, dez anos antes, fazendo parte daquele ponto singular de mim, lá nas montanhas baianas, assim como agora,  (re)fazendo-me, dobrando de tamanho e de ternura, ao caminhar na terra da garoa (Julho), na adocicada e inesquecível Cachoeira (Junho), ou na montanha de bits/bytes de Porto Alegre (Julho).

Obviamente, não poderia deixar de citar, o quão poderosa são essas minhas  andanças pelas várias cidades que existem em Salvador. É incrível o quanto eu aprendo e o quanto fico mais e mais apaixonado pelas belezas, pelo fel, pela miséria e desespero que essa cidade não cansa de mostrar aos meus olhos.

Casa de Iemanjá. Bairro do Rio Vermelho, em Salvador

Queria fazer um post para cada uma dessas viagens. Mas, como sintetizar tudo que vivi em Cachoeira? Como colocar por aqui as delícias gastronômicas, a desejada solidão dos primeiros dias ou, a oceano de carícias e de companheirismo dos dias subsequentes?

Como transportar até aqui a sensação de se viver, como disse de maneira apropiada Godard, entre um bando de malfeitores, daqueles e daquelas que senti o afago doce e gentil lá nas bandas da congelante São Paulo, da gélida Porto Alegre?

Como passar aqui o gosto do sol que encheu de vida, de vida vivida minhas fuças ao passear sorrateiramente por minha querida Salvador?

Por isso mesmo, como todo mundo já sabe a impossibilidade e a fraqueza desse meio, a escrita, vou rabiscando aqui algumas coisas, só para dizer que tenho ainda esperança com esse meio menor.

Mas voltando...

O que quero dizer é que em cada lugarejo desse, embrenhado-se em mim e nas pessoas que encontro em cada esquina, é sempre bom ver, sentir e, por isso mesmo, amar apaixonadamente outros seres que de acordo com as suas singularidades enfrentam esse mundão. É bonito olhar com a nossa propia pele e deixar-se acarinhar-se pelas mãos daqueles e daquelas que estão calejadas  de darem muro nas pontas das facas mais afiadas, de gente que simplesmente não conseguem a adaptação, não conseguem viver de mãos dadas com o conformismo dessa ignóbil e imensa vida besta.
 
Hostel em Porto Alegre
Meses de viagens, meses de curto-circuito, semanas de fugazes e edificantes fugas. Minutos e segundos de uma esquizo , tenra e eterna procura do que é essencial em mim.

Dias de epifania e de suor,
De coração em realejo e de pequeninas vitórias,
Dias de humanidade.

Cachoeira

domingo, 11 de setembro de 2016

Em noite ao sabor de Bergson, dancei os encantos dos instantes das décadas passadas.



Enquanto a noite escorre entre meu monitor, entre uma e outra canção do genial e visceral Gonzaguinha, vou sorrateiramente mexendo no Icecast. O Etertics fez com que eu voltasse novamente a essa galáxia já tão saudosa, já tão distante do que vivo agora.

Indo de lá para cá, de um link para o outro, vou ouvindo e relembrando de coisas que não via fazia um bom tempão danado. De tanto ver e ouvir afetividades de outrora, não é que tive o disparate de pausar essa maravilha aqui do Gonzaguinha?




Enfim, é que acabei embelezando-me com os áudios das rádios livres e libertárias que rodam na web.  Basicamente, dancei e amei novamente, como em décadas passadas, as famosas rádios "libres" da Catalunha.


Uma pena que a orelha da radiolivre.org não é mais a mesma coisa. Ao que parece quase todos os projetos "morreram" pela perseguição estatal ou, o que é normal, pararam pelas ciladas da vida do "pão nosso de cada dia", etc.

Horrível ver que o vicejou, o que pegou mesmo quando pensamos no Direito de Antena, foram as rádios ditas "comunitárias".

Mas, como disse alguém que não tenho a mínima ideia de quem seja, são coisas da vida e nem tudo é preto no branco. Existem camadas e mais camadas de um caleidoscópico cinza.

Segue o link do ogg, para você ouvir no XMMS ou VLC, da famosa Rádio Bronka 

 Ps: Engraçado que a primeira música que escutei nessa rádio, nesse retorno, foi uma música do Marcelo D2.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Finalmente Cidade Oculta



Cidade Oculta (Chico Botelho, 1986) é um filme que nunca tive a chance de ver mas, por causa do Barnabé, conheço a trilha sonora de ponta a ponta. Aliás, esse vinil é um dos meus favoritos quando o assunto é trilha sonora.




Para quem quiser ver uma boa resenha sobre ele, basta passar por aqui neste blog. Mais um exemplo de que os Anos 80 ainda escondem muitos tesouros.




Quem sou eu

Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.