sábado, 13 de outubro de 2018

A trilha de Sampa

Rua, Banda de Recife, foi quem trouxe todas as cores à cidade_cinza embrutecida.

Talvez assim nem tão cinza e nem tão bruta. Uma cidade de homens e mulheres e , assim sendo, uma cidade que inala e exala contradições.

Ouça Rua - Do Absurdo - 03 - Escorrego de ruadoabsurdo #np na #SoundCloud https://soundcloud.com/ruadoabsurdo/rua-do-absurdo-03-escorrego

domingo, 7 de outubro de 2018

El, ei de ações

Ouvindo Lirinha, com o seu "Labirinto e o Desmantelo", álbum de 2014, retalhei e gerei um entalhe mais ou menos assim.

Uma cálida canoa em tristes tempos nos tristes trópicos eleitorais de 2018.

El, ei de ações,

Oh avis rara !!
tenha pena desse nosso novo-falso  desmantelo
e desmanche sobre nossos oris
seu sopro de calor
e todas as suas brasas azuladas

e que nesse novo ciclo,
de mar tão salgado e revolto,
lembremos do nosso cândido balde,

aquele velho Balde,
cercado de tantas novas vozes
e lavado na dança em sangue
de outrora,
que transbordava de tantos sonhos,
e de uma generosa ventania
no aqui e agora.

que essa enlutada saudade,
deste frágil Balde-Diamante adormecido, todo esse tempo,
ali, bem atrás do nosso sofá militante,
force-nos a novos tipos de navegações,
a cantar canções incadescentes
pra lá do nosso lar e endredons.

lá onde a luz-ouvidos vermelha
nunca quis e nem tentou chegar.

domingo, 23 de setembro de 2018

Mel e vergonha


Ontem minha mãe recebeu o título de Bacharel em Serviço Social.

Enfim, um rito de passagem, como tantos outros, essa tal formatura. Todavia, com certa atenção, você percebe o quão desgraçada é a elite do Brasil.

Pessoas simples e humildes, muitas delas vivendo, em suas famílias, o primeiro acontecimento dessa matiz. É nítida a falta de traquejo em lidar com as situações e mise en scene características deste tipo de imbróglio.

É foda e muito difícil de não ficar arrepiado com uma mãe, uma mulher pra lá dos seus 30 anos, vindo com um filho pequeno nos braços e montada em uma beca, com aquele sorriso de vitória no rosto.

Como não tremer na base  vendo um pai, um homem já idoso, com o corpo rígido de tanto trabalho braçal e tanta vida em dureza,trazendo ali, do jeito dele e com o orgulho dele, um filho ou filha que chegou a esse ato de encerramento de ciclo.

Porém e infelizmente, a maior parte desses brasileiros e brasileiras saem da faculdade sem entender um texto simples. Saem, pela lógica mercantil inerente ao tipo de instituição no qual realizarem sua formação, sem o mínimo de arcabouço teórico metodológico da seara profissional ao qual querem adentrar e, o pior, mantendo-se como adentraram a torre de marfim, como meros analfabetos funcionais.

Um diploma cheio de suor, cheio de galhardia mas oco.

É infernal pensar que a função dessas pessoas será, entrando em um mercado de trabalho cruel e ultra competitivo, tão somente serem a pedra de toque causadora da redução da massa dos salários das suas profissões, desempenhando, como seus pais e mães, quase todos negros e negras, os mesmos papeis  subalternos.

O ciclo continua. O mesmo ciclo apesar da pequena janela de acesso fornecida à ralé pela educação privada.

A sociedade brasileira é qualquer coisa escandalosamente esdrúxula e perfídia com os seus filhos e filhas mais necessitados.

É uma sociedade doente e que teima em não resolver sua principal injustiça histórica e, por isso, continuará a ser um país com o futuro natimorto.

sábado, 22 de setembro de 2018

Canções de replantio

Parei.

Hoje, depois de sete dias após minha ida até Alagoas, nesse retorno a vida de desterrado, de mochila sempre pronta, este Sábado foi o primeiro dia só e tão somente meu.

É incrível que por causa das convenções sociais, nossas necessidades monetárias , a gente tenha tão pouco tempo para aquela solitude saudável e edificante.

E o que é que fiz, desde as três da manhã?

Ver comentários dos camelos de Nietzsche, lá no YouTube, foi uma das tarefas agradáveis. Quão humano somos... E quão inviável é esse país mermão. Encaremos essa verdade que passa diante de nossos olhos. Nossa sociedade não gosta de flores, de convívio comunitário. Gostamos do trato violento , da amálgama da desesperança e da intolerância as dessemelhanças alheias.

Cansei daquilo e fui lá, pra outra rede privada, o zapzap. Aqui , com o contato mais pertinho, com outro ser vivo, quase todos desabados ou cheirando a petróleo, não tive tinta e capacidade de respirar por mais de 30 minutos.

Fui embora, dizendo que iria correr na orla.

Eu até irei. Estou aqui nos preparativos. Mas, de vero, queria sair ali daquela prisão de conversas de botas batidas, de sonhos natimortos por seres abismais que teimam em não reconhecer que fracassaram. Que perderam a batalha que resolveram guerrear e que precisam mudar. Precisam respirar e procurar outros meios para encontrar as respostas que pretendiam alcançar, chegar perto.

Por isso e enquanto isso , vou aqui também curando minhas chagas.

Entre  uma música e outra doSoundCloud, faço meu replantio, com nuvens e sonhos emoldurados no fino concreto armado, que a gente jamais pode fingir não existir.

Saravá e que eu vá devagarinho no prumo possível, sem dureza mas cozido.

E que, mais devagarinho ainda, não esqueça esse sabor dourado de pisar leve e andar que nem os cascos dos cavalos envelhecidos, no cume do gume da faca da vida vivida.

Que vento bom.

Um dia lindo de morrer

sábado, 25 de agosto de 2018

Entre Phill Veras e Sloterdijk por Juliano Pessanha mas Contigo

em cada esquina de mim
Você aparece tatuada.

e eu,
em apuros ou em vento-navalha diante deste umbral-mundo-de-escombros,
pouco importa,
é sempre eu-Contigo,
carregando-A no kaos
da minha cabeça laminada
de fogo e de água.

e quando todas as dores do mundo invadem ardendo
aqui,
ou aí,
não tenha dúvidas.

meu óbvio
templo de tempo
de súplicas-afeto de refazimento,
somos
Nós
e apenas
Nó de 2.

Amutu.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Entre umas músicas, olhos cansados e O Terno

Entre umas músicas dessa banda sensacional chamada "O Terno" vou, se o sono não chegar, vendo e  lendo Peter Pal Perlbalt.

Este modelo de conexión absoluta, ¿no termina definiendo el modo colectivo de vida?

Esto genera, digamos, un automatismo en la respuesta.

Así, debido a que estamos estimulados para responder inmediatamente un email o cualquier tipo de comunicación, uno imaginaría una necesaria inmediatez en esta intersubjetividad.

http://anarquiacoronada.blogspot.com/2016/11/producir-otro-ritmo-otra-respiracion.html?m=1

Por supuesto, cada vez que alguien se desconecta, permanece en silencio, no responde a la expectativa, se genera un malestar, una sensación de incomodidad, de desasosiego, una molestia.

Y este tipo de molestia generalizada no sucede solamente in nuestra comunicación. Diría que, desde un punto de vista preliminar y generalizado, esto puede ser verificado en cualquier campo.

Este tipo de contaminación es una nueva forma de control. Todo esto es un modo de la política, un modo de economía, una nueva modalidad de producción de subjetividad.

Claramente, si queremos precisar algunos detalles, no podríamos ver esto como una totalidad dada. Pero, ¿por qué? Porque hay también otras cosas sucediendo en todo lugar. Innumerables fugas, conexiones, diminutas estrategias de Creación…

terça-feira, 26 de junho de 2018

A fumaça adocicada de Tom Jobim


Bem lá longe, no cantinho sossegado de um quarto de hotel, em Carmópolis (Agreste Sergipano), passeando entre kick over tools, sinker bar e outros amiguinhos do slickline, minha sexta-feira virou um domingo ensolarado.

"Stone Flower" (1977) é uma dos álbuns mais belos que já tive a oportunidade de escutar. Peço que tenha a bondade de discordar de mim, de achar que sou doidivanas. 

Discorde e ouça !!

Por essas e outras que sou grato ao meu "traficante" favorito, o Eriton. Com seus tesouros maravilhosos em formato de vinil, ele sempre traz algumas pérolas do cancioneiro popular ou erudito, entremeados por quilos e mais quilos de histórias sobre a produção e pós produção dessas obras que provam a existência de Deus.

Albúns pra mim são uma espécie de caça que fisga o caçador. A busca, o enlace é o elan deste processo e o da pesquisa sobre uma obra são meus devaneios nesta afetuosa busca. E assim, meio que longe de casa mas, pertinho de São João, lembrei que queria muito um disco jazzístico do Dominguinhos.

E aí, meio que no bojo desta interminável e errática busca (desde o São João de 2017 quando escutei no coreto do Vale do Capão um forrozeiro tocar "Arrebol") de  "Oi, Lá Vou Eu"  (1973), Eriton jogou a imagem da capa de Stone Flower e outras jóias ("Molhado de Suor" do Alceu, "Constraste" do Jards, vários discos do Toninho Horta, etc).

Estava tão cansado, afinal foi uma semana de trabalho embarcado, coisa que já não realizava desde o final de 2013, que resolvi ir no YouTube.

Desde aquela sexta-feira, das 18:40 em diante, eu entrei em um transe de beleza e de ternura. Às 20:00 eu já tinha a certeza de que aquele disco tinha abraçado a minha existência de uma forma tão peculiar, tinha adocicado tanto tudo em mim que eu já não era mais a mesma pessoa.

Alí mesmo, via zap zap, já avisava ao meu "marchand" para passar em minha casa no sábado vindouro. Eu não sabia se iria pegar Alceu ou qualquer outro. A única certeza era continuar a deixar aquela fumaça do cigarro do Jobim incendiar minh'alma.


Mesmo com um translado complexo e cheio de modais distintos :

Arrumar mala (02:00 da matina) -> Saída 
Carmópolis - Aracajú de carro ( 03:00)  -> Avião até Salvador -> Shuttle do Aeroporto até Estação Aeroporto (Metrô) -> Metrô até Estação Iguatemi -> Caminhada até entrada do Shopping Iguatemi -> Uber até minha casa

Neste mesmo sábado, depois da ida a Lavanderia seguida de um café da manhã no core do Rio Vermelho, naquela padaria do tempo que eu era criança, encontrei com o Eriton lá em Dinha, para ele não ter nenhuma chance de errar o caminho de minha casa... 

Sempre encontro com o Eriton nas feiras de disco da cidade e essa seria a primeira vez que ele estaria em minha casa. Dessas coincidência da vida, descubro que o cabra é meu vizinho de bairro.

E assim "Stone Flower" , "Oi, Lá Vou Eu" aportou aqui na minha freguesia.

Ainda bem que ele é legal e trouxe outras cálidas flores para o meu jardim.

Deixo aqui a melhor crítica que li sobre o disco:

" While not the most well known Jobim album per se, Stone Flower definitely takes many more risks than previous efforts like 1967's Wave. 

While it has the same laid back feel with close harmonies, Stone Flower often entertains the ear by taking chord progressions and lush orchestrations that Wave had to the next level. One chief reason for the change in sound and conception is that the orchestrations are done by Eumir Deodato, rather than Claus Ogerman in Wave. 

Tracks like "Amparo " or "God and the Devil in the Land of the Sun" have unusual instrumentations and rhythmic content that proves that the album is more than just simply latin, or specifically bossa nova. 

With this album, Jobim was no longer "riding off of the coattails" of the bossa nova craze of the early-to-mid 1960s. While many consider write Jobim off and classify him as a "Brazilian" or "Latin" composer, Jobim's embrace of jazz is practically second to no one in Latin music. 

Some music critics today may argue that Jobim's music is not jazz. It doesn't swing, but just listen to "Tereza My Love" or "Sabia" and deny jazz as an influence to Jobim's music. 

Many times, critics like to attach genres to labels in order to easily classify and create a sort of technical jargon. Often times, though, there is the problematic artist that just doesn't "fit" in a genre. 

Sure there are Latin elements in Jobim's music like the eternal presence of the danzon rhythm, but I don't think many Latin artists have the talented personnel nor mature conception of jazz that Jobim utilizes on his albums.

Like many Jobim albums, he is often behind the keys and lends his voice to the tracks "Sabia" and "Brazil." A rarity for a Jobim album, there is a cover of the Ary Barroso's famous tune "Brazil." On this reissued version, there is a alternate take of Brazil which is much more staccato and includes some orchestration, in which regard the original take is the complete opposite."

Um dia de folga em plena Terça-Feira de Junho




Existem pessoas que gostam de pedir folga para viajar
outras para comprar algum artefato
do mundo soteropolitanos aquinhoados.

Todavia, gente da minha cepa
Gosta de contar uma estória escabrosa para o chefe
Câncer terminal, pagar o agiota, aquela mãe que morreu de novo
Etc,

Tudo vale quando a gente quer deixar-se incendiar
pelo tenro prazer de andar na chuva
aos dobrados da Leny Andrade enquanto
a vida besta segue modorrenta.



sábado, 23 de junho de 2018

Copa 2018 no Capão

Que jogo sensacional.

Putz, tempão danado que não vibrava tanto com um jogo de futebol. Torcendo em um lugar muito inusitado, com pessoas desconhecidas e mesmo assim, naqueles 96 minutos, todas as nossas diferenças foram pra PQP.

E ainda existem pessoas, da direita e da esquerda, que são contra a seleção.

Que seja !! Eu não vou ficar em tom policialesco, dizendo o que cada um deve fazer em determinadas situações.

Porém, seguindo Malatesta e indo na onda da persuasão, creio que a seleção é muito maior que a CBF, que o uso político das suas vitórias, da alienação através do esporte, etc.

Na minha humilde opinião, o Candomblé, a Bossa Nova, o Carnaval e o modo de jogar futebol do brasileiro, imortalizado pela Seleção Brasileira, são as contribuições mais complexas e mais sofisticadas que o povo brasileiro generosamente ofereceu à humanidade.

Bora Neymar, Coutinho, Jesus e companhia limitada. Vamos lá ajudar na recuperação da autoestima do nosso povo e todo esse buraco sinistro que a classe trabalhadora foi jogada.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

As moças e as senhoras da pipoca



Sentado estou em mais uma infame praça de convivência de um shopping
vivia ali, entre um poema e outro,
no meu diminuto reino feliz das diagonais em curva 
que só as onças pintadas em pretinhos pontos sobre um mar de alvas costas retas 
e suas longilíneas pernas fazem conosco.

Mas, como sempre,
eu esqueço que meu Cinema Paradiso
é dentro de um shopping

E nesse sumidouro de alma
eis que pousam duas senhoras
e seus sacos de pipoca

De milho em milho,
arrotam um sem fim de friorentas arritmia,
fico aos poucos convalescente,
com as viagens pra Miami,
com as compras de cafonas,
e das diatribes que ensejam
para com suas empregadas domésticas.
 
Mesmo sem querer, 
sou arrastado e enlaçado
para aquela vida besta em borralho.

Nadar contra a maré
em vacúolos de silêncio
é a única forma de sanidade.

domingo, 20 de maio de 2018

Domingo no parque

Entre um documentário no Philos TV e um outro sobre Lasar Segall no Arte 1, vou caminhando entre um pãozinho e outro.

Esse chouriço é de lascar :)

terça-feira, 15 de maio de 2018

Voltando aos velhos carnavais

Quando penso que darei um passo a frente, sinto o cheiro da saudade e danço ao som dos meus velhos carnavais.

Explosions in the Sky é sempre umPedida

https://youtu.be/9U38GB2qVWA

sábado, 28 de abril de 2018

Sem fogo mas com amigos

Não sei se foi o cansaço de uma semana cheia de mil zilhões de tarefas no trabalho mas achei fraco o show da Metá Metá no Multiespaço Lalá.

Esse foi meu quarto show da banda e parecia que a galera estava sem fogo. Enfim, o público, muito blazé por sinal, quase não conhecia as músicas.

Pra não dizer que foi tudo ruim, que sou ranzinza coisa e tal, a execução de "Sozinho" foi magistral.

https://m.letras.mus.br/meta-meta/sozinho/

A parte boa foi rever e resenhar bastante com dois grandes amigos.

Talvez a melhor parte do show, aquela ali na balaustrada do Rio Vermelho tristemente Gourmet, tenha sido essa.

sábado, 24 de março de 2018

Eu, Jards e Naná em pleno Sabado chuvoso


Enquanto a cidade azeviche
se pinta de cinza molhado
Eu,
meio sem saber,
mordo sozinho a maçã
e fico imóvel no aguardo
Dos incêndios tomarem conta
das minhas florestas

Gordura,
anotações
verdades,
e todas as putas que pariram e não partiram da minha caixola

E lá fora,
o trânsito flui sem transtornos
mil curtidas
tudo divino e maravilhoso.

Por isso,
Vamos com Let's play
Vamos com Jards, Naná e Python.

Quem sou eu

Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.