Bem lá longe, no cantinho sossegado de um quarto de hotel, em Carmópolis (Agreste Sergipano), passeando entre kick over tools, sinker bar e outros amiguinhos do slickline, minha sexta-feira virou um domingo ensolarado.
"Stone Flower" (1977) é uma dos álbuns mais belos que já tive a oportunidade de escutar. Peço que tenha a bondade de discordar de mim, de achar que sou doidivanas.
Discorde e ouça !!
Por essas e outras que sou grato ao meu "traficante" favorito, o Eriton. Com seus tesouros maravilhosos em formato de vinil, ele sempre traz algumas pérolas do cancioneiro popular ou erudito, entremeados por quilos e mais quilos de histórias sobre a produção e pós produção dessas obras que provam a existência de Deus.
Albúns pra mim são uma espécie de caça que fisga o caçador. A busca, o enlace é o elan deste processo e o da pesquisa sobre uma obra são meus devaneios nesta afetuosa busca. E assim, meio que longe de casa mas, pertinho de São João, lembrei que queria muito um disco jazzístico do Dominguinhos.
E aí, meio que no bojo desta interminável e errática busca (desde o São João de 2017 quando escutei no coreto do Vale do Capão um forrozeiro tocar "Arrebol") de "Oi, Lá Vou Eu" (1973), Eriton jogou a imagem da capa de Stone Flower e outras jóias ("Molhado de Suor" do Alceu, "Constraste" do Jards, vários discos do Toninho Horta, etc).
Estava tão cansado, afinal foi uma semana de trabalho embarcado, coisa que já não realizava desde o final de 2013, que resolvi ir no YouTube.
Desde aquela sexta-feira, das 18:40 em diante, eu entrei em um transe de beleza e de ternura. Às 20:00 eu já tinha a certeza de que aquele disco tinha abraçado a minha existência de uma forma tão peculiar, tinha adocicado tanto tudo em mim que eu já não era mais a mesma pessoa.
Alí mesmo, via zap zap, já avisava ao meu "marchand" para passar em minha casa no sábado vindouro. Eu não sabia se iria pegar Alceu ou qualquer outro. A única certeza era continuar a deixar aquela fumaça do cigarro do Jobim incendiar minh'alma.
Mesmo com um translado complexo e cheio de modais distintos :
Arrumar mala (02:00 da matina) -> Saída
Carmópolis - Aracajú de carro ( 03:00) -> Avião até Salvador -> Shuttle do Aeroporto até Estação Aeroporto (Metrô) -> Metrô até Estação Iguatemi -> Caminhada até entrada do Shopping Iguatemi -> Uber até minha casa
Neste mesmo sábado, depois da ida a Lavanderia seguida de um café da manhã no core do Rio Vermelho, naquela padaria do tempo que eu era criança, encontrei com o Eriton lá em Dinha, para ele não ter nenhuma chance de errar o caminho de minha casa...
Sempre encontro com o Eriton nas feiras de disco da cidade e essa seria a primeira vez que ele estaria em minha casa. Dessas coincidência da vida, descubro que o cabra é meu vizinho de bairro.
E assim "Stone Flower" , "Oi, Lá Vou Eu" aportou aqui na minha freguesia.
Ainda bem que ele é legal e trouxe outras cálidas flores para o meu jardim.
Deixo aqui a melhor crítica que li sobre o disco:
" While not the most well known Jobim album per se, Stone Flower definitely takes many more risks than previous efforts like 1967's Wave.
While it has the same laid back feel with close harmonies, Stone Flower often entertains the ear by taking chord progressions and lush orchestrations that Wave had to the next level. One chief reason for the change in sound and conception is that the orchestrations are done by Eumir Deodato, rather than Claus Ogerman in Wave.
Tracks like "Amparo " or "God and the Devil in the Land of the Sun" have unusual instrumentations and rhythmic content that proves that the album is more than just simply latin, or specifically bossa nova.
With this album, Jobim was no longer "riding off of the coattails" of the bossa nova craze of the early-to-mid 1960s. While many consider write Jobim off and classify him as a "Brazilian" or "Latin" composer, Jobim's embrace of jazz is practically second to no one in Latin music.
Some music critics today may argue that Jobim's music is not jazz. It doesn't swing, but just listen to "Tereza My Love" or "Sabia" and deny jazz as an influence to Jobim's music.
Many times, critics like to attach genres to labels in order to easily classify and create a sort of technical jargon. Often times, though, there is the problematic artist that just doesn't "fit" in a genre.
Sure there are Latin elements in Jobim's music like the eternal presence of the danzon rhythm, but I don't think many Latin artists have the talented personnel nor mature conception of jazz that Jobim utilizes on his albums.
Like many Jobim albums, he is often behind the keys and lends his voice to the tracks "Sabia" and "Brazil." A rarity for a Jobim album, there is a cover of the Ary Barroso's famous tune "Brazil." On this reissued version, there is a alternate take of Brazil which is much more staccato and includes some orchestration, in which regard the original take is the complete opposite."