domingo, 23 de maio de 2010

O Trovador do Terminal da França --- Arembepe

Sinceramente cada um é um pequeno sistema planetário, um mundo cheio de complexos segredos.

No caminho rumo ao aeroporto achei melhor ir de ônibus. Parece louco preterir um taxi confortável


por um ônibus velho da linha Terminal da França -- Arembepe para depois pegar outro buzão em São Cristóvão, enfim.

Mas existe uma razão.

O lance é que no buzão eu acabo ouvindo estórias, sempre rola alguma coisa. Dessa vez acabei ouvindo a estória de um cara que teve o irmão morto pela polícia. Na verdade rolava uma conversa rolava entre esse cara do irmão morto e o cobrador do buzão.

O assunto começou na falta de espaço no cartão de memória do celular de um deles. Queriam trocar músicas via infravermelho. Leia-se pagode ao vivo.

E eu que nem sabia que existia essa subdivisão no pagode baiano. No fundo cada um se fecha no seu mundo e não sabe sobre o que acontece ao seu redor. Somos toupeiras de nós mesmos. Essa é a verdade. Além de sempre achar que o que não nos apetece, não tem valor algum.

Mas a conversa dos dois foi indo para o lance de musica evangélica, porque ambos são evangélicos. E foi nesse ponto que o cara começou a falar da vida dele, da época que ele morava na Boca do Rio , do que aconteceu com seu irmão, da vida da família dele depois do acontecido, essas coisas. Pelo que ele falou o irmão dele não tinha envolvimento nenhum com o movimento.
Nas palavras dele "No lugar errado na hora errada".

Bem legal foi na hora que le mostrou com todo orgulho as placas de madeirite que ele instalou lá na av. Paralela. Realmente eu não sei como ele fez aquilo. Umas placas imensas de compensado em pleno viaduto, com mais de três metros de altura.

O cara tava muito feliz em falar aquilo. Muita gente nem deve ver aquilo alí na avenida, provavelmente eu também não notaria se eu não tivesse tomado esse ônibus. E sempre que eu passar por alí, mesmo que aquela placa de madeira suma, vou me lembrar da estória do irmão dele e de um cara que colocou de pé, a tempos atrás, um gigantesco muro de tapumes.
E eu e monte de gente preocupado em coisas nada palpáveis.

Soltei no mesmo ponto no qual a mulher dele subiu. Acabei não falando disso, mas a esposa dele ligava constantemente esperando ele para irem rumo a Arempebe. Ele também queria que o engarrafamento fosse menor naquele dia, porque queria ainda encontrar o filhinho dele acordado. Sim ele já tem um filho e torce para que ele não seja mais um chico ou joão como ele.

Peguei outro ônibus e nele tinha um cara bêbado chamando todo mundo de corno. Todo mundo constrangido, mas acabou que todos e todas riram da situação. Se fosse em outro lugar que não Salvador, a coisa acabaria diferente.
E nesse meu mundo de check-in's infinitos faço mais um, dessa vez rumo a Natal.

Mala despachada, parada para comer um Trio de qualquer coisa sem gosto no Bob's. Apenas para passar o tempo até o avião decolar. Tento puxar o laptop para postar a estória do buzão mais fico receoso de colocar detalhes demais.

Prefiro ruminar ela mais.

Pontualmente deixo minha cidade, sem saber se o Vitória chegará ou não às finais da Copa do Brasil, se fulaninha vai me dar quando eu voltar no Sábado e se será uma boa coisa dividir o mesmo assento com meu chefe durante uma hora e vinte minutos até Natal.

Minha Translação

Tentado me encontrar
Me perco nas tentativas.

E sem saber como,
Me empurro na direção desse nada,
Do corriqueiro, do fazer planilha no excel, do comprar o pão,
Do discutir relação na fila do cinema.

E mesmo parecendo perdido nessa vastidão amórfica e nada alvissareira,
Mesmo embebido nesse cinza etéreo
Nasço de novo.

E com esse sorriso no rosto e todas as pueris esperanças de sempre
Vou assim,
Meio como sempre,
Contabilizando derrotas,
Reiventando a mim,
Reinventando o meu redor
Buscando inventar a roda novamente com minha própia pele
Com minhas própias artérias,
Com meu clamor surdo

Busca
Busca infinita, moinho, roda gigante ou qualquer peça girante
Início fim fim início...
Como um cachorro sarneto
Mordendo o propio rabo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O mar e o menino ou A oca branca de poliuretano injetado

É impressionante como preciso e necessito me isolar aqui nesse trailer.

Se para algumas pessoas esse trabalho cria uma espécie de degredado social devido ao seu isolamento, para mim ele funciona como um carregador de bateria, um tibet de puro poliuretano injetado no qual existe somente eu mais nada.

Bolsa de valores, tpm de mulher, papers para ler, códigos para compilar e\ou interpretar, conversas de bar, amig@s que ficam idiotas com o passar do tempo, etc. Nada disso existe aqui, somente eu vive nesse meu claustro branco e de janelas caramelo.

Como é bom ficar sozinho e conjecturando sobre as coisas ao nosso redor, sobre nossos sentimentos, sobre tudo.

Reafirmar-se

Continuar na trilha. Mesmo que o mar tente, EU JÁ FALEI PARA ELE QUE É EM VÃO POR EU SER TEIMOSO, sempre apagar minhas pegadas.


ps: Virou graça essa onda de bug no blogspot... Néca de imagens

Agora falando sério...

Agora olhando aqui, percebo eu que esse blog já fez 3 anos !!!!!

E eu que pensava que ele ia morrer na quinta postagem. E ele vai indo, mesmo com todas essas letras tortas, e com todos esses descaminhos que ando.

Um abraço andarilho urbano-rural. Aliás como bom baiano, um cheiro.

Almíscar da beleza de todas as coisas

Lendo o blog da Aline , fiquei pensando em algumas coisas que ela colocou por lá. Aliás, já fazia um bom tempo que eu não olhava o blog dela, assim como também faz um bom tempo que não falo com minha amiga.

Coisa dessa minha geração msn... Coisas de uma geração que privilegia seu tempo com a máxima letargia possível ou em atividades que não agregarão absolutamente nada quando comparadas com coisas tão profundas quanto compartilhar seu tempo com um outro ser.

Todavia falávamos...

Esse lance de não conseguir concluir nada... É foda essa sensação. Abateu-me por um bom tempo.

Mas, puxa vida!

Imagine se eu tivesse concluído tudo o que eu comecei na vida. E aqui não falo somente de faculdade não, falo de outras coisas. De coisas banais como jogar handebol profissionalmente (por incrível e piegas que possa parecer eu era um talentoso jogador desse esporte, era da seleção daqui da Bahia...) ou mesmo tocar violino seriamente (a idéia era tocar uma peça toda de Paganini...). Foram tantas coisas, e praticamente nada de concreto nas mãos.

Seria um chato de galocha vermelha, seria um idiota boçal e cheio de grana. Enfim, no frigir dos ovos de granja, não seria eu, seria apenas mais um na multidão.

Esse é meio que o defeito de quem gosta de viver para os própios sonhos, viver do devaneio.

Sem medo e preconceito ser eternamente juvenil.

O lance é que se ele, o sonhos não nos encanta mais, se o desassossego passou, o melhor a fazer é ir atrás de outro. Se apaixonar, amar outra coisa.

Se embebedar em outro almíscar.

PS: Eu queria colocar umas fotos todavia o blogspot bugou de repente.

Ligar foguetes




Hora de postar novamente, pegar no tranco, auto-alavancar...


Pure data, Signal Processing, e outras coisinhas....


Outra coisa que ia me esquecendo, esse blog vai ganhar um irmãozinho !!!! Depois linko ele aqui.

Quem sou eu

Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.