domingo, 5 de janeiro de 2014

Domingo e suas diatribes pessoais.

Hoje é um Domingo de sol. 

Aliás bem bonito e por isso mesmo, quero tentar acelerar algumas leituras. Desejo também tocar a infraestrutura dos projetos que quero implementar este ano.

Como sempre em muita coisa envolvo-me, meto o meu bedelho, necessito de respostas, de construir a minha opinião para saber que raio gama que estou projetando por aí.

E creio que  a gente consegue este intento dialogando com pessoas e suas ideias. Por isso pessoal vamos aprender a ler criticamente uma obra. Veja que não sou contra o encantamento perante uma obra, não é isso.

Estou apenas lembrando que não devemos nos perder somente nesta seara.

Devemos, inclusive em sinal de dignidade para quem sentou o rabo em algum banco de madeira e teceu determinadas linhas, que o ato de compreender, no sentido Arendtiano do termo,  as palavras construídas naquele meio material que chamamos de livro (muito embora os pdf's povoem mais e mais a nossa estrada) é uma forma de afirmar que a ideia ali foi realizada por um ser de carne e osso, por isso passível de erro histórico, conceitual, etc.

E por isso mesmo a importância de ler apaixonadamente mas também logicamente, correlacionando com as  circunstâncias do momento histórico que a obra foi construída e como ela colabora com o nosso pensar.

É assim que vamos sambando e andando sem a ajuda de corrimão... Eita que só dá Arendt neste opúsculo textinho né meu povinho ;)

E existem pessoas que acham que faço tipo, como se fosse um pseudo engodo de aspirante a membro da inteligência soteropolitana (existe isso mesmo?) e que não abro nem um livro sequer... Que faço isso para comer as menininhas ou alguma incauta que gosta de nababos intelectuais e tropicais.

Fazer o que né ;)

Devo ser algum tipo estranho de gente, gente que nem a minha vizinha que, mais cedo, estava masturbando o cachorrinho dela.

Sou um tipo de ser humano que gasta 40% do salário com livros e coloca eles na mesa da sala e tira fotinhas e publica no facebook.

Esse é o mal de publicizar as nossas ações em prol da ideia de contaminação, de arrastar outras e outros para uma outra experiência do viver, fortalecer os e as misantropos ...

Mas há hienas vorazes por acolá ;)

Sim mas as obras de hoje serão essas:




  • algumas páginas de "Morte e vida das grandes cidades" da Jane Jacobs,

  • terminar "Confiança e medo na cidade" do Bauman,

  • adentrar ainda mais no miolo do excelente "Duplo e a metamorfose" da Monique Augras,

  • pelo menos o primeiro capítulo do "Cidade Modernista" e também "Cidadania insurgente" ambos do James Holston.

  • alguma coisa do Proudhon, acho que o texto do Jean Bacal. Há algo também lindamente escrito que pode servir para se entenda a complexidade de Proudhon.

  • vinte páginas da bíblia da Ostrom, "El gobierno de los bienes comunes". Aqui uma ótima resenha.

  • continuar "A condição humana" da Arendt,

  • e iniciar "Bela Baderna" a edição pocket feita pela Escola de Ativismo, "Espaço urbano e inclusão social" do Ricardo Gaspar e também "O espaço público na cidade contemporânea" do Angelo Serpa.

A priore pode parecer meio louco ler tantas obras diferentes e tecidas por
autores e autoras conservadores, anarquistas, autonomistas, marxistas, etc...

Enfim, é que eu fiz há quase 4 anos atrás uma pergunta difícil e até hoje tento responder essa pergunta construindo um sistema de pensamento que desemboque em uma práxis para além do mimimi esquerdista de sempre.

E repito o que sempre coloco por aqui, não sou esquerda nem tampouco direita. Sou anarquista graças a Olodunmarè.

Aliás, parafraseando a Hannah Arendt:

"Não me encaixo"
 
Creio que essa que deve ser a contribuição daqueles e daquelas que se dizem ácratas:

construir com os debaixo e assim induzir respostas as demandas de curto,
médio e longo prazo, vivendo o agora, comendo o bolo agorinha mas não esquecendo que não há esperança dentro desse sistema excludente chamado capitalismo.

Para essa ação, que não é algo simples, fundamental na minha crença é o fomento a existência de espaços de troca internos e externos que trabalhem em proveito do comum e do comunal.


E avançando, poderíamos pensar que é  a liberdade das ações geradas neste espaços que lapida aos poucos, de grão em grão, outros tipos de relações sociais e um outro sujeito histórico, ciente das suas arugas e das potencialidades que uma vida comunal poderia gerar apesar dos esforços necessários a sua manutenção diária.

E óbvio que pararei para rezar meus orixás e também para ouvir e ver alguma coisa perdida no winchester.

Temos que ser leves e sem muitas amarras pois a corda é fina e pode partir na nossas fuças.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Dois de branco numa noite ensolarada


Dois de branco numa noite ensolarada.




0.





Há um esquizoide caminho de prata
entre Itapuã e a Garibaldi.
entre Dinha e Ondina,
#fato


E é nele,
naquele noturno trecho elipsoidal,
que avaranda sargaço_ventania_preamar,
que a mulata_cidade nagò
se encoraja e,
cantando solstício sobre nós,
grita o seu gemido mais agridoce
mostra o seu ouro e,
inflamavelmente,
pede a nossa retroalimentação.


E não paramos,
andamos !!


Levitamos magneticamente
até uma encruzilhada
que graça a Esù
jamais aparece.



I.




Depois de mui léguas,
nossa Navilouca aporta em um bar
e,
tropicalmente,
você saca da bolsa sua 765_Me_Segura_Qu'eu_Vou_Dar_Um_Troço
e eu o meu canhão de plasma_Mel_Do_Melhor 
e rezamos um terço para Wally Sailormoon
enquanto o suco de manga fica pronto.
 

O pão com calabresa chega e dentro da bisnaga de maionese da Arisco
brotam algumas palavras sobre Bakthin.
E a carnavalização dos nossos passos reafirma-se,
E esguichamos spray apimentado perante a hegemonia.


De vítima,
queermente viramos o Sendero Luminoso da beleza_belezura
e metralhamos com balas de mel do melhor
todo o entulho que floresce
à esquerda e a direita de nós.


As fritas chegam e descobrimos que ficam + saborosas
quando fofocamos sobre o nariz do Pignatari
ou do meu medo infantil
da melindrosa cacofonia cigano - sertaneja que o Alceu reverbera
em "A noite do espantalho".


E o que dizer do suco e do palo_seco_tapa_na_cara do Agripino de Paula
derramando sobre nós tanta novidade
de um só sopro?


Maldito_gostoso diabo da barba alva
e sua mania de virar de vez sobre nós
a cumbuca de açúcar de confeiteiro.


E o que dizer do Macalé,
que também não se aguentando,
vai e jorrando ao fundo
"Mal secreto" e "Movimento dos barcos" ?


Fodeu,
Ou melhor,
Fudeu ;)


Iremos para a discoteca?
Iremos varrer a madrugada
mais uma vez?


Que porra nenhuma!!!


A gente gosta é de dormir cedinho.
Amanhã temos um balaio imenso de pescados vivos para fisgar.











II.



Pagamos a conta e vamos voltando
o nosso caminho de melaço.
Temos sorte,
ainda há tempo de você pegar o seu perfumado pernoitão
e d'eu ir me jogando leve e solto pelo asfalto noturno.


E nesse retorno,
vemos que o mais sensato é acelerar
e celebrar tudinho,
inclusive os nossos descalçados percalços.


Ainda temos
e ainda aguentaremos
muito penhascos internos
e muitos saltos no externo escuro.


E parece que a gente nem liga mais
quando falam que casco de nossos saveiros
já andam bem abaulados...


A gente adora as tatuagem deixadas
pelas pedras polidas.

Hehehehe!

A vida_vidida
é por vezes um árido mar caudaloso.
Mas,
porém,
contudo,
e,
principalmente,
todavia sendo o mar,
um braço de rua do oceano,
este azul turquesa,
é sempre a maior beleza
que a gente poderá saborear não é?

Por isso vamos que vamos,
vamos na costura dessa linha_língua negona,
e que assim seja possível a gente trepar
nossos planos montagens de ações futuras,
cenas de nossos copos de café de saudade
das peripécias peroladas de ontem
e as futuras diatribes do agora.

Nosso trio já anda desgovernadamente pela rua,
por isso seremos,
mesmo que só,
carnaval de tudinho de tudinho,
de cada pedaço açucarado
da ânfora do nosso peito.



III.



Pois é Ignez_do_cabelo_de_fogo,
sinto que você,
mesmo que a gente se demore para enamorar o encontro téte a téte,
amola meus caninos e assim,
tanto lá_aí como e acolá_aqui,
nosso velho_novinho laço
é pedra de amolar nossos facões.


Creio que é isso nobre amiga,
antes de artesã do verbo
somos açougueiros das palavras malditas
mestres da caipirinha do verso e da prosa doce_amarga.

Cortaremos os melhores bifes,
ceifaremos as nossas medrosas gorduras,
adoçaremos_embriagando
a rua e o alheio.

domingo, 17 de março de 2013

Grândola, vila morena

  Neste domingo ensolarado, ficarei por aqui fazendo novas anotações sobre Transnacionalização do Capital e Fragmentação dos Trabalhadores, do João Bernado (Boitempo Editorial, 2000), coisas da faculdade (diabruras em C, Tranformada de Laplace, coisas do SCILAB para o projeto da cadeira de rodas) e, uma ouvida no programa da Radio Cordel Libertário sobre Educação Libertária .

  Caso sobre tempo, darei uma lida na revista Estudios , da CNT espanhola.

  Mas antes que eu pire na batatinha, um pouquinho de Amália Rodrigues cantando Grândola, Vila Morena.


 Grândola, vila morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
  Para quem não sabe o que significou essa música para a Revolução dos Cravos, segue trecho da Wikipédia:

"Grândola, Vila Morena" é uma canção composta e cantada por Zeca Afonso que foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para ser a segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos. A canção refere-se à fraternidade entre as pessoas de Grândola, no Alentejo, e teria sido banida pelo regime salazarista como uma música do partido comunista de Moscovo Comunismo. À meia noite e vinte minutos do dia 25 de abril de 1974, a canção era transmitida na Rádio Renascença, a emissora católica portuguesa, como sinal para confirmar o início da revolução. Por esse motivo, transformou-se em símbolo da revolução, assim como do início da democracia em Portugal.

  Existe ainda uma linda versão cantada pela Nara Leão. Que ótimo escolher entre Nara Leão e Amália Rodrigues. Vocês me devem algum favor depois dessa :) 

  Então paguem lendo um poeminha dominical !!



Enfim,
Vou indo por aqui, 
Na medida do possível de mim.

Vou indo por aqui, 
Sentado neste sofá de brancura gasta e amarelada
Mas com a possibilidade de vistar o mar,
Que agigantado em frente,
Sorrir docemente para mim. 



Beijos  e um queijo com muita marmelada para vocês :)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Revalvaatio

  Encontrei, procurando um livro do Ernesto Laclau e da Chantal Mouffe, Hegemonía y Estrategia Socialista, um poço de conhecimento.

  Mais por aqui viu :

  Revalvaatio
 
  Divirtam-se.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

La bande à Bonnot e depois La Patagonia Rebelde

  Hoje passei a noite vendo o filme La bande à Bonnot (1968, França) sobre o Bando Bonnot, grupo anarquista individualista/anarcoilegalismo que existiu no início do século passado na França.


  Destaque fica para a trilha sonora do filme, a cargo do pianista francês  François Rauber e do multifacetado Jacques Brel que atua também no filme representado o anarquista Raymond-la-science (Raymont Callemin).

  A única atuação contundente é do cara que faz o Jules Bonnot, o ator Bruno Cremer. Ele deixa a impressão que a gente levará um tiro a qualquer instante caso ele identifique a gente como burguês.

  Não é um primor cinematográfico, mas vale pela contexto histórico.

  Hoje, na verdade amanhã pois será na madrugada, verei La Patagonia Rebelde (1974, Argentina).


   Beijos e queijos :)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quarta-Feira de Cinzas

  Lendo aqui, nesta quarta-feira de cinzas, a Tese de Doutoramento intitulada  "Trabalhadores migrantes nos canaviais paulistas: Sociabilidades, condições de trabalho e formas de resistências" de Marcelo Saturnino da Silva (UFCG,2011), encontrei uma passagem de outro trabalho (CANDIDO; MALAGODI, 2010, p13)¹ que realmente demonstra algumas das avaliações que percebo dentro do movimento sindical.                

"Para desencadear um processo de luta de classes não é suficiente que exista uma instituição representativa, mas que as circunstâncias políticas, econômicas e morais estejam postas, ou seja, o sindicato combativo pode contribuir para a luta, entretanto não determina a existência da luta."


  Incrível o quanto de material sobre o campo do trabalho e a crise de representatividade instituição sindical. Sempre bom ler como essa situação se repete em outras instâncias do setor produtivo e as estratégias de resistências que estão a ser criadas.

  Inspirador.

  Mas indo um pouco além, creio que muitas vezes, a maior parte do tempo sem perceber, estamos apenas aumentando o bolo "dos de sempre". O pior é que pensadores como Marx e Luckács  acreditam que o trabalho é uma questão central nas nossas vidas.

  Na verdade, sendo o mesmo uma construção "burguesa", ele nada mais é do que uma fonte tripartite de mais valia, de obtenção de prestigio moral e de identidade social. E acreditar nisso é também crer que a inexorabilidade da importância da classe trabalhadora no processo revolucionário.

  Será que essa tal classe ainda é, assim como o povo Judeu, os eleitos a terem em suas mãos as rédeas de um suposto processo revolucionário ? A classe trabalhadora, com todos os ganhos pós Segunda Guerra Mundial, passa por tanta privação assim que a obrigue a não ter outro caminho que não seja o estabelecimento de uma revolução ?

  Sinceramente não espero isso da classe a qual pertenço. Nos preocupamos com a prestação do carro, com o financiamento da casa, com a educação dos meus filhos, com a cerveja gelada que encontra-se na geladeira. O que ocupa nosso tempo é o que iremos fazer quando não estivermos dentro da fábrica.

  Não nos preocupamos muito com o coletivo e essa não é uma situação na qual as lideranças, assim como acreditam os Trotskista, os Morenistas ou Leninistas de plantão, tenham alguma culpa.

  O anseio, aliás a necessidade de mudança radical - aqui atrelado ao contexto de uma mudança na raiz do sistema capitalista vigente,  pode advir atualmente daqueles que chamados como pessoas em situação de rua, os trabalhadores clandestinos nos países de desenvolvimento industrial não tardio, as minorias étnicas, os desterrados em seus própios países etc.

   Estes, sejam eles e elas classificados como Lumpenproletariat ou não os que podem ser os protagonistas de uma mudança radical. 

  Aliás o própio Bakunin²³  já levantava dúvidas em relação ao aculturamento que o operário sofria ao participar da sociedade burguesa através do mundo do trabalho e em como isso diminuía seu ímpeto revolucionário.
  
  Frantz Fanon também cita em ''Os Condenados da Terra" o potencial do Lumpenproletariat na Guerra da Argélia e a necessidade de educar o mesmo sobre o que ele, em profundidade, estava atacando e criando ao colocar-se em uma atividade revolucionária.

  Vejam como "Instruir para Revoltar"  sobre as bolsas de trabalho de Pelloutier ou mesmo o "Pedagogie et Revolution" do Grégory Chambat (como eu queria que meu Francês fosse menos sofrível) entrariam como uma luva aqui não acham ?


  Na minha opinião, esses são o que não perderiam nada neste mundinho faz de conta que vivemos.

  Os demais estão como Lafargue falou

“Trabalhem, trabalhem, proletários, para aumentar a riqueza social e suas misérias individuais, trabalhem, trabalhem para que, ficando mais pobres, tenham mais razões para trabalhar e tornarem-se miseráveis. Essa é a lei inexorável da produção capitalista”.

1- CÂNDIDO, Paulo e MALAGODI, Edgard. Mobilização de Trabalhadores Canavieiros e Ação Estatal no Setor Sucroalcooleiro do Nordeste Brasileiro. Ponencia presentada no VIII Congresso da ALASRU, Porto de Galinhas, 2010.

2 - THOBURN, Nicholas Difference in Marx The Lumpenproletariat & the Proletarian Unnamable. Disponível em: <http://libcom.org/file/Thoburn%20-%20Difference%20in%20Marx%20The%20Lumpenproletariat%20&%20the%20Proletarian%20Unnamable.pdf > Acesso em: 09 Fevereiro de 2011.

3 - EM:   Acesso em: 05 Fevereiro de 2011.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carta a D

Terminei, enquanto estava embarcado, o doce livro do André Gorz chamado Carta a D.

  É bem curtinho o livro e não doerá nada passar pelas últimas páginas escritas pelo Gorz. 

  Eu já detinha certa admiração sobre a obra deste autor. Gosto de pensadores  que, como ele, tentam sempre reler a realidade sem cair nas respostas já estabelecidas, naquilo que a boiada segue sem pestanejar.

  Gorz é daquele tipo de pensador, raro atualmente, que não possui amor pelas suas idéias. Aquele tipo que não se importa com infidelidade a algo que acreditava ser o mais acertado no seu pensamento. Por isso as várias facetas no que escreveu, os vários pontos de inflexão na sua obra.

 E essas idas e vindas, na minha opinião, é que deixa a obra dele mais interessante e faz a gente perceber a importância da sua obra.

  A obra aliás, por mais incrível que possa aparecer combinou a idéia vinculada ao pensamento Marxiano, e não o pensamento Marxista, com o Sartriano. Teve aliás, um pouco antes e depois do Maio 68, cada vez mais aliado as idéias de desescolarização de Illich e a filosofia proposta por Marcuse bem como a esquerda autonomista italiana (Foa notadamente).

  Mas agora posso falar que, dos artigos e ligo que li do mesmo, Carta a D. é sem dúvida o mais singelo e sublime de todos. Falo isso não pelo motivo de achar que os outros texto são ruins. Falo isso pois é muito mais difícil em 72 páginas fazer do balanço de sua vida, no momento final desta, uma declaração de amor à aquela pessoa que sempre esteve ao seu lado.

  O livro é um desbunde e recomendaria a todos que querem conhecer a obra do Gorz começar por este livro. Só assim a gente pode ter a noção do coração, da sensibilidade humana por trás de Adeus ao Proletariado; Socialismo Difícil e Crítica da Divisão do Trabalho por exemplo.

  O desbunde começa pelo minimalismo arraizado no projeto gráfico da obra que pode ser percebido no cuidado com o projeto da capa do livro que somente encontrei em obras gringas.

  Realmente incrível conhecer a importância que a Dorine, sua esposa, aliás,  companheira, tinha na vida dele. Uma mulher pode dar um Aufheben nas nossas vidas. Tanto para o bem como para uma desgraceira total.

  Sobre Gorz, melhor que o verbete na Wikipedia, pode ser visto aqui. Também gosto dessa curta entrevista do Professor Josué da Silva.

 Sobre se foi certo ou não o suicídio do casal, quem sou eu para julgar este ato ?

  Não falarei mais nada sobre a obra. Esse negócio de resenhar obra não é muito comigo. Vocês querem tudo mastigado não é ?

  E quem disse que eu tirei vocês do meu ventre através de um Cesariana ?

  Leiam e divirtam-se com aquele que acreditava que nós, trabalhadores,  só iríamos ter uma verdadeira existência, livre e não alienada, no nosso tempo livre e jamais no âmbito do trabalho.


Quem sou eu

Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.