Terminei, enquanto estava embarcado, o doce livro do André Gorz chamado Carta a D.
É bem curtinho o livro e não doerá nada passar pelas últimas páginas escritas pelo Gorz.
Eu já detinha certa admiração sobre a obra deste autor. Gosto de pensadores que, como ele, tentam sempre reler a realidade sem cair nas respostas já estabelecidas, naquilo que a boiada segue sem pestanejar.
Gorz é daquele tipo de pensador, raro atualmente, que não possui amor pelas suas idéias. Aquele tipo que não se importa com infidelidade a algo que acreditava ser o mais acertado no seu pensamento. Por isso as várias facetas no que escreveu, os vários pontos de inflexão na sua obra.
E essas idas e vindas, na minha opinião, é que deixa a obra dele mais interessante e faz a gente perceber a importância da sua obra.
A obra aliás, por mais incrível que possa aparecer combinou a idéia vinculada ao pensamento Marxiano, e não o pensamento Marxista, com o Sartriano. Teve aliás, um pouco antes e depois do Maio 68, cada vez mais aliado as idéias de desescolarização de Illich e a filosofia proposta por Marcuse bem como a esquerda autonomista italiana (Foa notadamente).
Mas agora posso falar que, dos artigos e ligo que li do mesmo, Carta a D. é sem dúvida o mais singelo e sublime de todos. Falo isso não pelo motivo de achar que os outros texto são ruins. Falo isso pois é muito mais difícil em 72 páginas fazer do balanço de sua vida, no momento final desta, uma declaração de amor à aquela pessoa que sempre esteve ao seu lado.
O livro é um desbunde e recomendaria a todos que querem conhecer a obra do Gorz começar por este livro. Só assim a gente pode ter a noção do coração, da sensibilidade humana por trás de Adeus ao Proletariado; Socialismo Difícil e Crítica da Divisão do Trabalho por exemplo.
O desbunde começa pelo minimalismo arraizado no projeto gráfico da obra que pode ser percebido no cuidado com o projeto da capa do livro que somente encontrei em obras gringas.
Realmente incrível conhecer a importância que a Dorine, sua esposa, aliás, companheira, tinha na vida dele. Uma mulher pode dar um Aufheben nas nossas vidas. Tanto para o bem como para uma desgraceira total.
Sobre Gorz, melhor que o verbete na Wikipedia, pode ser visto aqui. Também gosto dessa curta entrevista do Professor Josué da Silva.
Sobre se foi certo ou não o suicídio do casal, quem sou eu para julgar este ato ?
Não falarei mais nada sobre a obra. Esse negócio de resenhar obra não é muito comigo. Vocês querem tudo mastigado não é ?
E quem disse que eu tirei vocês do meu ventre através de um Cesariana ?
Leiam e divirtam-se com aquele que acreditava que nós, trabalhadores, só iríamos ter uma verdadeira existência, livre e não alienada, no nosso tempo livre e jamais no âmbito do trabalho.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
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Quem sou eu
- Colombiano
- Bom, eu sou acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da Unifacs e tenho grande interesse na área de Processamento Digital de Sinais (PDS), sobretudo no estudo de sistemas não determinísticos e no processo de produção de música com o auxílio do computador.
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